quinta-feira, 3 de julho de 2014

Desabafo em jeito de Homenagem...

Hoje...

Hoje li algo que me tocou profundamente a alma e o coração. Quis chorar de saudades como há muito tempo não o fazia.

A maior perda que sofri até hoje foi a do meu avô materno. Não era apenas meu avô. Era como meu pai, meu herói, melhor amigo, professor, educador, tudo ao mesmo tempo. Fez de mim, na minha infância, quem sou hoje, em plena idade adulta. 

Mimou-me, fez-me as vontadinhas, mas também me ensinou o valor da generosidade, da honestidade, do dar sem esperar receber nada em troca, e a importância de saber pensar pela minha cabeça. Ensinou-me a escrever as primeiras letras antes sequer de ir para a escola, transmitiu-me a paixão pela leitura e mostrou-me a magia que pode ter o simples acto de abrir um livro. Com ele conheci a alegria da música, e a sua mensagem. 
Secava-me as lágrimas como por magia e, sem nunca usar o tom de sermão ou "ralhete", explicava-me o porquê de me terem ralhado. Para mim, um "prometo que não volto a fazer" dito ao meu avô era mais que sagrado. 
Mostrou-me também que a vida se torna bem mais suportável, bonita e alegre se a enfrentar a sorrir, e que esse é sempre o maior analgésico para as dores da alma.

Quando há 12 anos um maldito cancro mo arrancou, no entanto, senti-me afundar. Não houve sorriso grande o suficiente. A dor era demasiada. Tinha a alma e o coração desfeitos em milhares de pedaços. Não me pude despedir como queria devido a uns infelizes 2100 kms que nos separavam. E tudo o que eu queria era dar-lhe um último beijinho, e que me desse um daqueles abraços mudos que me consolavam sempre (o último tinha sido em Agosto, à porta de casa comigo a não querer entrar para o carro, no fim de umas férias em Portugal que sabiam a um canto de cisne...).

Ainda hoje a ferida está aberta, e acho que estará sempre. Apenas posso continuar a pedir resignação. É algo a que jamais nos habituamos. Há sítios, objectos e hábitos que nunca mais voltaram a ser os mesmos. Nem sei se algum dia voltarão. Provavelmente não.

Tenho saudades, caramba!!

Só me resta pensar que ganhei o melhor anjo da guarda que alguém pode ter. É essa a minha maior riqueza (nisso sou milionária, tenho 3 a olhar por mim!). Tenho o melhor e maior anjo da guarda de todo o universo. Onde quer que esteja, sei que Deus o pôs a olhar por mim, a proteger-me tal como o faz desde que nasci. Sei que a vida teria sido muito mais madrasta comigo se não o tivesse a guardar-me.

Claro que nem se pergunta se não preferiria tê-lo aqui comigo, a conta-me histórias dos tempos em que esteve em França e na tropa, a ensinar-me as cantigas da sua juventude, a tentar convencer-me a que me converta ao seu adorado Sporting. Daria a minha vida mil vezes para que assim fosse! Mas Deus faz as coisas por razões que apenas Ele entende, sabe bem porque as faz. Por isso, apesar da dor, obrigada meu Deus!


Agora vou ali sorrir. Porque as lágrimas lavaram-me a alma, mas preciso do sorriso que o meu avô me ensinou a ter para as enxugar.


P.S: Em sua honra, escrevo este meu desabafo em verde, a cor da esperança e a cor de que mais gostava.

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