Podem passar os anos. Pode passar uma vida,
duas ou mesmo três. Tudo vai e vem, menos tu.
Em ti vivi os anos dourados da minha
juventude. Vivi em ti, e vivi-te. Deixei aí um pedaço de mim que sempre me faz
querer voltar. É como um canto de sereia, mas que me faz voltar a sentir viva
com quantas células tenho no corpo. Gravaste-te na minha pele. Na minha alma.
Fizeste-me crescer. Entrei menina, ingénua, a pensar que podia mudar o mundo.
Entrei criança. Acolheste-me como uma mãe acolhe a uma filha. Fizeste de mim
mulher. Ensinaste-me a amadurecer. Fizeste-me viver os melhores anos da minha
vida e ao mesmo tempo derramar lágrimas que tinham tanto de amargas como o que
as boas vivências tinham de alegres. Provei o mel e o fel. Mostraste-me o teu
lado mais duro, mais solitário, mais austero para depois me brindares com
alegrias tão grandes que não me cabiam no peito. Foste testemunha dos meus
desabafos, de noites longas de solidão, de tristeza, viste o meu desespero. Mas
também me mostraste o que são as verdadeiras amizades; ensinaste-me a lutar por
aquilo em que acredito, a celebrar as feridas em vez de as lamber. Graças a ti
hoje não me acobardo perante contrariedades ou perante os problemas. Porque me
ensinaste que os atalhos são armadilhas, e que por debaixo de cada espinha no
caminho existe um roseiral que apenas se abre para quem luta por ele. Só assim
se chega à meta com honestidade. Sem me trair. Sem faltar aos princípios que tu
me inculcaste. Ensinaste-me o valor da palavra "Saudade". Essa
palavra tão portuguesa, e tão tua. Porque, para mim, só quem realmente te viveu
é que sabe o que ela significa. Essa palavra vestida de negro, de capa e batina,
e que em cada letra traz a vida de quem a pronuncia.
Para mim, és sempre Coimbra. Serás sempre
SAUDADE.