sexta-feira, 8 de maio de 2015

A Coimbra

Podem passar os anos. Pode passar uma vida, duas ou mesmo três. Tudo vai e vem, menos tu.
Em ti vivi os anos dourados da minha juventude. Vivi em ti, e vivi-te. Deixei aí um pedaço de mim que sempre me faz querer voltar. É como um canto de sereia, mas que me faz voltar a sentir viva com quantas células tenho no corpo. Gravaste-te na minha pele. Na minha alma. Fizeste-me crescer. Entrei menina, ingénua, a pensar que podia mudar o mundo. Entrei criança. Acolheste-me como uma mãe acolhe a uma filha. Fizeste de mim mulher. Ensinaste-me a amadurecer. Fizeste-me viver os melhores anos da minha vida e ao mesmo tempo derramar lágrimas que tinham tanto de amargas como o que as boas vivências tinham de alegres. Provei o mel e o fel. Mostraste-me o teu lado mais duro, mais solitário, mais austero para depois me brindares com alegrias tão grandes que não me cabiam no peito. Foste testemunha dos meus desabafos, de noites longas de solidão, de tristeza, viste o meu desespero. Mas também me mostraste o que são as verdadeiras amizades; ensinaste-me a lutar por aquilo em que acredito, a celebrar as feridas em vez de as lamber. Graças a ti hoje não me acobardo perante contrariedades ou perante os problemas. Porque me ensinaste que os atalhos são armadilhas, e que por debaixo de cada espinha no caminho existe um roseiral que apenas se abre para quem luta por ele. Só assim se chega à meta com honestidade. Sem me trair. Sem faltar aos princípios que tu me inculcaste. Ensinaste-me o valor da palavra "Saudade". Essa palavra tão portuguesa, e tão tua. Porque, para mim, só quem realmente te viveu é que sabe o que ela significa. Essa palavra vestida de negro, de capa e batina, e que em cada letra traz a vida de quem a pronuncia.


Para mim, és sempre Coimbra. Serás sempre SAUDADE.